segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

fatos surreais: gole

Logo assim, ali sentado em uma mesa de plástico amarela e cadeiras azuis, observando os melhores atores de um infinito ato...
Fecha os olhos e antes de terminar o gole daquela dor de cabeça e de devolver o copo à mesa, vê toda sua breve historia no fundo do copo esbelto, todos os anos de glorias e fracassos, sente que ali já foi seu lugar
talvez seja um dia...
não que pensar que eles tenham mudado, ignora o fato dele ter mudado...
aquela bebida gaseificada desce pela garganta, corrigindo a temperatura do corpo...
Resta-lhe pouco tempo, que tem para aproveitar tudo da mesma forma como sempre aproveitou
nada de grandes consagrações...
que rever todos que ama, todo por quem nunca escondeu o carinho, e aqueles que por algum motivo ou por alguém se escondeu por décadas...
a sua breve historia termina no breve gole...
continua observando tudo aquilo que já foi, prefere como esta, prefere assistir...
volta a sentir o coração, tem saudades, é só saudades...
no próximo gole percebe como sempre esta só, em qualquer lugar
ou como sempre está distante
deve ser pelo pouco tempo que lhe resta...
bebeu o ultimo gole, levantou se, seguiu para seu rumo...
simplesmente esqueceu da despedida, tchau, adeus
não se arrepende deles, não teme pela consciência
nem pelo juízo...
ficou a melhor interpretação de todos, ficou com todos sorrisos...
gostaria de ser assim
como assim?
e assim será
o seu tempo acabou, todos se foram, as cortinas abaixaram
o que lhe restou foi varrer o teatro
e apagar a luz

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